O tratamento cirúrgico da incontinência urinária em mulheres
A incontinência urinária atinge cerca de 8 milhões de brasileiros, sendo as mulheres o gênero mais afetado. A doença pode aparecer em todas as fases da vida, mas é mais comum entre pessoas acima de 60 anos, no qual estudos apontam que 30 a 60% podem ser diagnosticados com o problema.
O primeiro passo no tratamento da doença é a conscientização que a incontinência urinária não é normal e tem tratamento. Ninguém deve ou precisa viver com a perda involuntária de urina. A condição gera profundo incômodo por parte do paciente e seus familiares ou cuidadores, pois afeta diretamente a autoestima e o convívio social, tornando-se um transtorno para si e para os outros.
Os principais fatores que influenciam na continência urinária nas mulheres são: infecções urinárias ou vaginais; efeitos colaterais de medicamentos; intestino preso; fraqueza dos músculos perineais; doenças que afetam os nervos ou músculos como diabetes, Parkinson, doenças vasculares cerebrais, e ainda alguns tipos de cirurgia ginecológica, e nos homens obstrução da uretra pelo aumento da próstata e hoje, sequelas das cirurgias ou radioterapia para o tratamento do câncer da próstata.
De uma maneira simples, podemos dividir esses casos em incontinência de esforço, quando a perda de urina ocorre por tosse, espirro, subir escada, ou qualquer outro movimento que aumente a pressão intra-abdominal. Ambos, homens e mulheres, podem ainda ser acometidos do que se chama bexiga hiperativa e a consequente incontinência por urgência, que é quando a pessoa sente o desejo e não consegue um controle adequado, perdendo então o conteúdo da bexiga de maneira involuntária, total ou parcialmente.
Para o tratamento da incontinência urinária, o mais importante é definir a causa. Os casos de bexiga hiperativa são tratados com medicamentos. Há hoje uma variedade de novas medicações que têm ajudado sobremaneira esses pacientes, homens ou mulheres.
Para as causas de incontinência aos esforços nas mulheres, uma das técnicas cirúrgicas mais indicadas é a utilização de “slings” uretrais. Podem ser usados para isso tanto um material autólogo, isto é, do próprio paciente, na maioria aquilo que chamamos fáscia muscular. Outra maneira é a utilização de “slings” sintéticos, usando as chamadas “telas”, material inerte que possibilita uma cirurgia micro invasiva, reduzindo não só o tempo cirúrgico, mas também a hospitalização, desconforto pós-operatório e tempo de recuperação.
A cirurgia de “sling” é praticada há mais de 30 anos, e conta hoje com uma grande variedade de técnicas, usando conformações e tamanhos diversos, principalmente nos tratamentos de incontinência urinária das mulheres. Os bons resultados na cura da doença, chegam a apontar índices de 70% a 85% em dez anos.
O médico envolvido nesses casos, urologista ou não, deve acompanhar atentamente o diagnóstico e o tratamento da incontinência urinária, que certamente vai em muito impactar na qualidade de vida da pessoa afetada.