No cenário atual, em que a informação científica é facilmente acessível, é paradoxal que ainda enfrentamos desafios relacionados à negligência da ciência. Este artigo examina a relevância histórica do combate à paralisia infantil para destacar a importância de um comprometimento contínuo com a ciência e a saúde pública.
O Legado de Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt
O artigo de Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho e Olavo Pires de Camargo destaca a conexão entre dois líderes históricos: Getúlio Vargas, do Brasil, e Franklin Roosevelt, dos Estados Unidos. Ambos tiveram suas vidas impactadas pela poliomielite, uma doença viral que causa paralisia e, em muitos casos, pode levar à morte. Em 1943, Roosevelt, já diagnosticado com poliomielite, encontrou em Getúlio Vargas um aliado na luta contra a doença, o que culminou em iniciativas conjuntas de saúde pública entre os dois países.
O Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) e a Erradicação da Poliomielite
Fundado em 1931, o Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) tornou-se um pilar no combate à poliomielite no Brasil. Com o apoio de figuras influentes como a Fundação Rockefeller, o IOT dedicou-se à pesquisa e ao tratamento da doença, contribuindo significativamente para a erradicação da poliomielite no território nacional.
A colaboração internacional e o avanço científico, exemplificados pela parceria entre Vargas e Roosevelt, foram cruciais para o desenvolvimento de programas de vacinação e medidas de saúde pública que eventualmente erradicaram a poliomielite do Brasil em 1989, conforme reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Situação Atual e a Importância da Vigilância Científica
Apesar dos avanços históricos, o artigo ressalta que a cobertura vacinal no Brasil tem diminuído progressivamente desde 2015. Essa redução coloca o país em risco de reintrodução da poliomielite, uma preocupação amplificada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A queda na vacinação é um sintoma da negligência moderna em relação à ciência, onde desinformação e complacência ameaçam reverter décadas de progresso.
Lições Aprendidas e o Caminho à Frente
Para evitar a repetição de cenários devastadores como os da era da poliomielite, é essencial que os programas nacionais de imunização permaneçam bem estruturados e que a população seja constantemente educada sobre a importância das vacinas. A ciência não pode ser negligenciada. A história de Vargas e Roosevelt nos lembra que o compromisso com a pesquisa científica e a colaboração internacional são fundamentais para superar crises de saúde pública.
Conclusão
O artigo “Getúlio, Roosevelt e a paralisia infantil” serve como um lembrete poderoso de que a negligência da ciência pode ter consequências devastadoras. Em tempos modernos, é imperativo que continuemos a valorizar a ciência e a saúde pública, garantindo que lições do passado sejam aplicadas para proteger as gerações futuras. A vigilância constante, o investimento contínuo em pesquisa e a educação pública são essenciais para evitar que doenças erradicadas voltem a ameaçar a humanidade.
Referências
Barros Filho, Tarcísio Eloy Pessoa de, e Olavo Pires de Camargo. “Getúlio, Roosevelt e a paralisia infantil.” Jornal da Faculdade de Medicina da USP, 23 de maio de 2024.