Células metastáticas do câncer de mama se desenvolvem, principalmente, durante o sono
O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente em mulheres no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Dúvidas ainda pairavam no ar, sobretudo em relação à metástase, quando o tumor se espalha para outras partes do corpo.
Um recente estudo traz um importante achado para o diagnóstico da doença, muito comum em todo o mundo, além de colaborar na melhora das atuais opções de tratamento.
O que é uma metástase?
Para melhor entender os resultados identificados no estudo, é preciso compreender de maneira mais profunda o que são as chamadas metástases. Como foi citado anteriormente, a metástase é quando a doença se espalha para outras partes além do seu local inicial. Isso acontece porque as células podem se desprender e “viajar” pelo corpo, tanto por meio dos vasos sanguíneos quanto pelos gânglios linfáticos. Assim, conseguem atingir e multiplicar-se em outros órgãos do corpo.
No caso do câncer de mama, seus locais mais frequentes de metástases são nos pulmões, ossos e fígado, mas podem ainda atingir qualquer parte do corpo. Além disso, todos os tumores malignos podem acabar gerando metástases. É por isso que o diagnóstico precoce se faz primordial, a fim de evitar que a doença chegue nesse estado.
Células circulam no sangue durante a noite
De acordo com um estudo publicado pela Revista Nature e realizado com 30 mulheres que possuem a doença, as células que se deslocam do tumor e percorrem os vasos sanguíneos, originando as chamadas metástases, têm maior formação durante a noite. Ou seja, quando a paciente dorme, o tumor entra em ação e gera um número elevado de células metastáticas, se comparado com o período diurno.
Os pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH), na Suíça, coletaram amostras das pacientes em momentos distintos do dia. Metade delas foi coletada de noite e a outra metade durante o dia. Após análise pelos cientistas, foi identificado que 78,3% de todas as células tumorais foram encontradas naquelas amostras coletadas no período noturno.
Descoberta é um avanço em terapias de tratamento para a doença
Conforme afirma Zoi Diamantopoulou, pesquisadora envolvida na pesquisa, em reportagem do jornal O Globo, “nossa pesquisa mostra que a fuga de células cancerígenas circulantes do tumor original é controlada por hormônios como a melatonina, que determinam nossos ritmos de dia e noite”. Apesar de inicial, a descoberta já é um avanço, principalmente no diagnóstico da doença, bem como nas atuais formas de tratamento existentes.
Inteligência artificial já é utilizada para diagnóstico
Além de importantes achados sobre o desenvolvimento da doença, novos recursos têm colaborado para o seu diagnóstico. A tecnologia da inteligência artificial (IA) também chegou na área da saúde e tem sido uma ferramenta de grande ajuda para médicos na hora de antecipar etapas de tratamento, por meio do diagnóstico precoce feito com a utilização de algoritmos.
Segundo médicos do Hospital A. C. Camargo, referência no tratamento contra o câncer, em entrevista para o Estadão, a IA já vem sendo utilizada em mamografias, ultrassonografias e ressonâncias magnéticas das mamas. Ela funciona através do reconhecimento de imagens e possíveis padrões, além de auxiliar na avaliação de risco de contrair a doença ao longo dos anos.