Temos vivenciado um aumento nos casos de caxumba no nosso meio. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, o número de casos notificados no primeiro semestre de 2016 foi de 613 pessoas infectadas. Quase o mesmo número de casos registrados em todo o ano anterior, que somou 675 casos. Como o urologista é chamado a medicar os casos de orquite por caxumba, gostaria de esclarecer o leitor sobre esse assunto.
A caxumba é uma doença causada por um vírus chamado paramyxovirus, um RNA vírus, é contagiosa, que frequentemente resulta em um aumento doloroso das glândulas parótidas, febre, dor à mastigação. Outras glândulas além das parótidas, “em forma de cacho” também podem ser afetadas. Daí se deriva o nome caxumba.
Não há tratamento para a causa específica, mas desde a década de 90 há vacina específica para a caxumba . As crianças brasileiras recebem gratuitamente essa vacina, chamada MMR, em duas doses: a primeira aos doze meses e a segunda entre 4 e 6 anos. A MMR protege ainda contra o sarampo e a rubéola.
A orquite viral, inflamação do testículo, é raramente vista em meninos com menos de 10 anos. Porém, é a mais comum complicação da caxumba em homens após a puberdade, afetando 20% a 30% dos casos
Chega a acometer os dois testículos em 10% a 30% dos casos.A orquite aparece usualmente entre uma e duas semanas após a parotidite.
A inflamação testicular pode levar a uma atrofia desse órgão em 30% a 50% dos casos, porém raramente leva à infertilidade. Pode, no entanto, contribuir para a sub-fertilidade em até 13% dos pacientes. Nos casos mais graves e bilaterais, esse número pode chegar a até 87%, segundo Casella (J Urol, 1997).
O diagnóstico é geralmente clínico. Após o quadro de parotidite, o testículo torna-se rapidamente aumentado em volume, doloroso, endurado, e a pele do escroto pode ficar avermelhada e edemaciada. O tratamento da orquite é o que os médicos chamam de suportivo e sintomático: Repouso no leito com o escroto elevado, suspensório escrotal ou cueca justa, aliado à medicação anti-inflamatória. A maioria dos casos resolve-se em 3 a 10 dias.